quinta-feira, 20 de maio de 2010

Antes do Anoitecer!!

Estava eu perambulando pela locadora e avistei uma capa com a foto de Javier Bardem e logo resolvi pegá-lo já está nas prateleiras de comum e fiquei pensando como deixei esse filme passar?! E ao assistir não me arrependi é maravilhoso, emocionante como a vida do escritor Reynaldo Arenas foi sofrida, por sua educação, por sua sensibilidade, por sua opção.



Reinaldo Arenas (Holguín, 16 de Julho de 1943 - New York, 7 de Dezembro de 1990) foi um escritor cubano de poesia, novelas e teatro. Era assumidamente homossexual e passou grande parte da sua vida combatendo o regime comunista e a política de Fidel Castro.
Em
1963, Arenas mudou-se para Havana, para se matricular na Escola de Planificação e, depois, na Faculdade de Letras da Universidade de Havana, onde estudou filosofia e literatura, sem completar o curso. No ano seguinte começou a trabalhar na Biblioteca Nacional José Martí.
Apesar de ter apoiado a revolução cubana nos seus primeiros anos, devido à extrema miséria em que vivia com a sua família nos anos de
Fulgêncio Batista, acabou por ser vítima de censura e de repressão, tendo sido várias vezes perseguido, preso e torturado e forçado a abandonar mesmo diversos trabalhos (como conta na obra autobiográfica Antes que anoiteça), mostrando que o governo de Fidel Castro não havia trazido mais democracia à ilha.
Durante a
década de 1970, tentou, por vário meios, abandonar a ilha, mas não obteve sucesso. Mais tarde, devido a uma autorização de saída de todos os homossexuais e de outras persona non grata e depois de ter mudado de nome, Arenas pôde deixar o país e passou a se estabelecer em New York, onde diagnosticaram o virus da Sida/Aids. Nessa época, escreveu "Antes que anoiteça" (no original "Antes que anochezca").
Em 1990, terminada a obra, Arenas suicidou-se com uma dose excessiva de álcool e droga. Dez anos mais tarde, em 2000, estreou a versão cinematográfica da sua autobiografia, tendo
Javier Bardem no papel do escritor.


Passeio pelas ruas com o esgoto rebentando desviando dos edifícios que parecem cair sobre a gente passo por rostos que nos investigam e nos sentenciam por estabelecimentos fechados mercados fechados cinemas fechados parques fechados lanchonetes fechadas.
As vezes, exibem cartazes empoeirados com os dizeres: Fechado para reforma fechado para restauro, que tipo de restauro? Quando isso a que chamam restauro vai terminar?! Aliás quando vai começar?!
Fechado, fechado,fechado, tudo fechado. Chego abro os vários cadeados e subo correndo a escada improvisada, lá está ela esperando por mim retiro a capa e contemplo sua figura empoeirada e fria tiro a poeira e a acaricio com a mão delicadamente eu a limpo toda.
A seu lado, sinto – me desesperado e feliz, passo os dedos pelo teclado e de repente tudo recomeça tec tec tamborilando as teclas aos poucos a musica começa. Logo mais veloz e então a toda a velocidade. Muros ,árvores, ruas, catedrais, rostos e praias, celas, celas minúsculas e enormes, noites estreladas, pés descalços, pinheiros, nuvens, cem, mil, um milhão de piriquitos, tamboretes e uma trepadeira.
Todos respondem ao meu chamado e vêm. Os muros retrocedem, o teto desaparece e você flutua, flutua arrancado, arrastado, elevado,levado,transportado,imortalizado, salvo graças ao ritmo sutil e constante dessa musica desse incessante bater das teclas

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